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Artigo: O exemplo “revolucionário” libanês



O mundo tem assistido a uma crescente escalada de manifestações populares em diversos países. Há uma onda de protestos populares, sem lideranças determinadas, plurais e apartidárias.


Na América do Sul, por exemplo, assustam os casos de protestos violentos no Chile e Peru.


Nesse mar de notícias, veiculadas de forma ainda mais enfática pelas redes sociais, ressurge o Líbano no cenário internacional.


As manifestações populares libanesas ocorridas em outubro, plenamente pacíficas, destoam da esmagadora maioria dos movimentos que estamos acostumados a ver no oriente médio.


Em apenas 15 dias, os diversos segmentos da sociedade uniram esforços para bradar, de forma pacífica, contra aumento de impostos e a corrupção. Com o sangue quente nas veias e paixão no olhar, resgataram o conceito de democracia nascido justamente na região do Mediterrâneo.


Membros de mais de 17 religiões, artistas, empresários, operários, estudantes, cientistas, homens e mulheres de todas as idades, deram as mãos e fizeram literalmente uma corrente humana de norte a sul em defesa da nação.


Poucos incidentes ocorreram. Nada significativo. Mesmo assim, essas ínfimas ações de alguns grupos isolados, serviram para demonstrar ainda mais a união e coragem dos libaneses em busca de um propósito maior.


O Líbano reafirmou a razão pela qual a democracia surgiu nos países que margeiam o Mar Mediterrâneo. Os fenícios (libaneses) são essencialmente acolhedores e sensíveis. Sabem, por isso mesmo, que a pena e a voz são instrumentos reais de manifestação e controle estatal.


O Líbano é o país do mundo que acolhe o maior número de refugiados. Sua população gira em torno de 6 milhões de habitantes, sendo 30% refugiados. Trata-se de uma república parlamentarista, sendo presidente um cristão maronita, o primeiro-ministro (chefe de governo) é muçulmano sunita e o presidente do parlamento é muçulmano xiita.


A autoproclamada revolução não se serviu, até o momento, de armas, bombas ou tiros. Pelo contrário. Entoam cantos, realizam cultos ecumênicos, festas ao ar livre e diversas apresentações culturais. Por essas e outras, tem sido crescente a adesão do comércio, academia científica, indústria e setor financeiro.


Em um país que já sofreu as agruras de uma guerra civil durante cerca de 15 anos, percebe-se que seu povo aprendeu com as perdas causadas pela violência branca (ideológica) e vermelha (armamentista). As bandeiras hasteadas e o hino são do Líbano! A defesa de uma política anticorrupção severa e melhoria das condições econômicas servem a todos.


Após 15 dias, o Governo libanês ouviu a voz das ruas. A renúncia do primeiro ministro Hariri, mesmo querido por muitos, foi recebida pelo Presidente.


Em tempos de tanta radicalização e intolerância, o povo libanês - de origem milenar - reapresentou ao mundo que é possível realizar um movimento revolucionário sem armas.

A união, a tolerância e o respeito às diferenças fortalecem o discurso, sendo a melhor forma de conquistar adesão e de ser ouvido pelo poder estatal.


Ao restante do mundo, expectador desses acontecimentos, espera-se que também possa resgatar os conceitos de democracia vindos do Mediterrâneo e encontrar a virtude do equilíbrio e da tolerância, para se fazer ouvir em seus clamores frente ao seus respectivos governos.


Frederico Aburachid

Presidente da Fundação Libanesa de Minas Gerais

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